Hoje não foi um dia muito bacana.
Ontem também não, e amanhã provavelmente também não será. E todas as minhas esperanças residem no final de semana.
Porque?
Não farei rodeios, pois falo pra mim e preciso deixar isto claro para mim.
Meu problema é a minha solidão.
E este problema está tornando-se cada dia um incômodo maior.
Não espero com este post fazer amiguinhos, ou que uma pessoa apareça com uma solução milagrosa para todas as horas em que estou só, todo dia. Não estou pedindo socorro, acho - e espero que o meu subconsciente também não esteja.
É mais um alerta, para outros - e, com certeza, para mim mesmo - sobre como chegar perigosamente perto de uma situação-limite pode fazer mal a um ser humano.
Passo muitas horas do meu dia só.
Acordo só, geralmente me arrumo, vou para a aula, passo a manhã toda sozinho. Vou para o trabalho e fico ainda mais só.
É estranho, pois em todos estes locais existem muitas, muitas pessoas - muitos colegas na faculdade, e ainda mais pessoas no meu trabalho, já que sou Caixa Executivo em um banco com muito movimento. Porém, de certo modo, as pessoas com quem interajo nestes momentos nem sempre te vêem como uma pessoa, com sentimentos, angústias, desejos, sonhos e pesadelos, incômodos e alívios - deixando de ver em mim um semelhante.
Não sou um coitadinho. Também já tratei muitas pessoas de forma impessoal demais, pouco me importando com o que ia em suas cabeças e corações.
Porém, eu sinto o quanto isto me afeta, diferente de outros. Nos últimos dois dias, cheguei em casa e chorei copiosamente, dentro do meu quarto, isolado do resto do mundo - e isolando também meus sentimentos, e principalmente minhas frustrações, dos amigos e das demais pessoas queridas.
Hoje eu chorei também, escondido no banheiro do trabalho.
Lá é pior, eu acho. Não quero que as pessoas me vejam frágil, desequilibrado, e é difícil mostrar isto até para as pessoas próximas a mim. Que dizer, então, de pessoas com as quais sou obrigado a conviver, e com as quais não apenas não tenho intimidade e tenho extrema dificuldade em criar qualquer intimidade, mas também tenho certo "ranço" arraigado em mim?
Vejo nas pessoas algo cada vez mais individualista...
Mas não sei se este é exatamente o problema. Este, até o momento, se apresenta para mim como eu me interpretando, me vendo cada dia mais como um ponto fora da reta, vagando errante pelos ambientes onde convivo. Queria ser uma presença importante para as pessoas que são, também, uma presença imoportante para mim - mas sinto, muitas vezes, que sou apenas isto, um ponto errante na trajetória destas pessoas.
Meu estado afeta a forma que eu sinto. Por tabela, o modo como interajo com o mundo - falar, olhar, ouvir.
Este texto é um exemplo. Escrevo sobre um parênteses bastante pessoal para mim, mas sei que já escrevi muito melhor em várias outras oportunidades. Não creio neste texto como algo bom, sei que ele não desperta qualquer compaixão, pena, nada disto nas pessoas - ma so problema é que, sendo um amontoado de idéias às quais falta nexo, eu não conseguiria despertar nada disto nas pessoas nem se eu quisesse.
Se é tão improvável despertar estes sentimentos em outrem, que dizer de sentimentos bons? Amor, carinho, realização, felicidade, confiança?
Eu quero, de verdade, ser um cara feliz. E saber que faço o bem para as pessoas, que sou algo bom pelo menos para as pessoas que considero, e que não sou ruim para ninguém - nem para mim.
Mas me sinto tão confuso...
Às vezes, quando era mais novo, acordava no meio da noite, tão atordoado que mal conseguia colocar as idéias em ordem o suficiente para saber quem eu era. Hoje eu voltei a me sentir um pouco assim, e ontem também - já sinto a mesma sensação voltando agora - como se eu estivesse perdendo um pouco da minha essência, da minha personalidade, da minha alma.
Durante o dia, acordado. Tontura durante o dia, pressão encefálica, lágrimas, pessoas no atendimento - e o mundo se resume a uma sensação, de que estou deixando de ser eu mesmo, traumaticamente.
Qual é o problema?
Eu estar sozinho? Eu ser sozinho? Solidão é mesmo o meu problema?
Este texto está confuso demais...
Não quero regredir.
Não quero ser uma má influência para os outros.
Não quero me tornar uma criatura auto-destrutiva.
Não quero mais sentir confusão mental, muito menos durante o dia.
Quero ser algo bom para mim e para os que estão ao meu redor.
E quero estar cercado de pessoas boas, influências boas - e que esta influência seja uma via de mão dupla.
Quero que a dor de cabeça pare.
Ela não me deixa pensar com clareza.