Diálogo sobre a representação estudantil ontem
Da série "O Aventureiro Descolado" (ou "O Caipira Cosmopolita"), essa foi tirada em Floripa, mais precisamente na Praia Mole, exatamente no dia 28 de julho deste ano, durante uma desestressada do ENEAD.
A montagem ficou por minha conta - nem sabia que dava pra fazer uma coisa tão bonita com conhecimentos precários de Photoshop e Paint...
E aquele GRANDE obrigado ao Hanna - se ele não tivesse batido a foto com inclinação de cinco graus, não teria sido possível dar este efeito maneiro que a foto ficou...
Antes de continuar, prometo que vou tentar não ser sectário.
Mas, levando em consideração o assunto, acho que vai ficar difícil driblar esse problema...
Então, peço encarecidamente que me perdôem.
Continuando - sobre a vida política, pra ser mais preciso...
Ontem tivemos aqui na "capitar" uma Assembléia Geral dos Estudantes da USP de São Paulo.
Título imponente, né?
Pena que a reunião em si não teve tanto glamour...
Pra começar, tivemos a presença dos companheiros e companheiras do chamado e conhecido campo "Negação da Negação" - campo trotskista ligado a alguma coisa em algum lugar bem longe daqui que quer que não nos liguemos a nada durante essa nossa eleição, sendo ligado umbilicalmente à campanha pelo voto nulo.
Dizem também ser democráticos, mas isso foi algo que eu não vi como sendo bem algo que eu acreditaria, tendo em vista toda a movimentação dos camaradas quando alguém que com eles não concordava falava algo no microfone - vaias e impropérios eram ditos pela "Massa Insandecida"...
Discutiu-se um monte de coisas, colocou-se um monte de propostas que foram até aprovadas, mas que eu acho que serão inócuas por conta da dificuldade de organização, tivemos uma assembléia na qual poucos conseguiram ficar até o final - e estes poucos eram exatamente da NN, fazendo com que a parte mais importante da assembléia fosse totalmente manobrada...
Ora, mas que democracia é essa?
Se o pessoal da NN realmente estivesse interessado em promover o debate e a democracia, teria estimulado o pessoal a permanecer por lá e ainda estimulado-os a falar - como, na medida do possível, tentamos pelo DCE.
Ops, mas eles não queriam que os que tem opinião contrária falasse, me esqueci...
Se quisessem que a Assembléia tivesse sido lotada - é verdade, de 40 mil estudantes só estavam lá uns 150 gatos-pingados - teriam feito uma divulgação de qualidade e conjunta com o pessoal do DCE e outras entidades, que levasse à Assembléia mais do que a galerinha bacana da NN.
Infelizmente, estavam muito ocupados com a panfletagem do Voto Nulo e com os "massificados" atos de cinquenta pessoas no Largo da Batata.
Se esse pessoal realmente se importasse com a opinião de outros que não seja a deles, estaria aberto a conversar, negociar, ceder de vez em quando e se mostrar mais inflexível quando a situação se mostrasse favorável.
Infelizmente, para os nossos companheiros, a impressão que fica é que a opinião deles é a única que importa, não sendo capazes de ceder nem um honorável milímetro de suas afirmações e convicções.
Bom, a experiência de alguns anos de faculdade e de movimento estudantil me fizeram chegar a uma curiosa hipótese:
Aqueles que querem que a sua opinião seja acima das opiniões dos outros tendem a não mudar esta postura em particular - sempre acham que a opinião deles é a que vale, acima de tudo o que você possa utilizar contra eles.
Porém, isso não significa que a opinião deles não vai mudar - significa apenas que a postura deles não vai mudar. É algo que me faz pensar qual vai ser a opinião de alguns indivíduos radicais daqui a alguns anos, quando perceberem que precisamos de flexibilidade para lidar com o mundo.
Taí algo que os aproxima da falta de flexibilidade de alguns setores diretivos e burocráticos da estrutura político-estatal - a prática, a ação.
Tanto criticam a Universidade por não se mostrar aberta a negociar, mas também eles não se ostram abertos a ceder - uma postura que somente se pode adotar quando se está do lado mais forte quando se quer ganhar.
Assim, sobre o pessoal da NN, eu tenho a seguintes alternativas para escolha (que não vão ser lidas, provavelmente, já que o meu blog tem audiência mais baixa do que programa evangélico do RR Soares de madrugada):
1) Será que tomarão o caminho mais fácil, de flexibilizar as idéias para algo mais em voga em nosso mundinho imperfeito atual mas continuando com a postura indicutivelmente discutível de não aceitar a discussão e negociação de pontos dos quais discordam - fazendo com que saiam do lado mais fraco para o lado mais forte apenas por uma questão de postura política?
2) Ou escolherão um caminho mais humilde e complicado, que é o de mudar uma atitude pessoal rígida e fechada à idéias diferenciadas para algo mais próximo do diálogo e da razão em prol de um projeto futuro de sociedade ideal?
Afinal, é muito fácil não aceitar o mundo como ele é e espernear até as pernas cansarem.
Difícil é assumir que nem tudo pode ser mudado de imediato, que algumas vezes precisamos ser mais flexíveis em prol de um horizonte a ser alcançado em uma época que não podemos dizer que está exatamente próxima.
E, pra terminar, eu só digo que o Palocci também era trotskista.
Igual eles.