Bom...
Eu sou um homem só, eu acho.
Não no sentido da palavra, pois trabalho com pessoas, encontro pessoas, converso com pessoas, e depois dos seis anos de idade eu acredito que não houve mais do que um dia em que eu não tenha passado sem conversar com outras pessoas - e isso falando do aspecto físico, já que hoje existe telefone e internet.
Mas eu sou só.
Aquela solidão que sentimos na multidão, quando vemos que quem amamos se perdeu de nosso caminho...
Como quando eu era criança e me perdi dos meus pais no supermercado.
Eu queria ser um bom cronista, mais do que um Quintana de esquina, pra dizer com palavras bonitas como o meu drama banal é importante pra mim.
E fazer com que as pessoas se compadecessem dele, e me tirassem uma solução da cartola.
Mas eu passei dessa fase, sou um homem - e sei que receita pronta, nem de bolo.
Queria ter mais coragem pra ser menos só, e enfrentar a situação, assumindo os riscos...
Pena que é tão fácil ser covarde e acomodado, atrás do medo da derrota e do que poderia ter sido.