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sexta-feira, março 02, 2007

Torcicolo, Afonia, Aftas e Tolstói

Estou com torcicolo. E daqueles bem incômodos, do lado esquerdo da minha nuca, bem na junçao com o pescoço.
Parece que a cabeça tá mal-encaixada no pescoço...é difícil virar a cabeça pro lado esquerdo...e dormir vai ser complicado essa noite.
Mais um motivo pra eu criticar a Rápido Serrano, uma evz que eu voltei de Sampa pra Amparo hoje de busão, com todo o "conforto" que só a Viação Metrópolis / Serrano pode proporcionar ao cidadão...

Fora isso, sinto minha garganta em estado de depreciação acentuada, como diriam os contadores. Minha voz ainda funciona razoavelmente bem, mas eu quase perdi-a há algum tempo atrás.
Depois daquele dia, inclusive, a minha garganta e minha voz ainda não voltaram ao seu status original.
Isso foi no dia 21/02, quarta-feira de cinzas...

E não posso esquecer das aftas...
Agora estão bem melhores, mas já foi tão grave a situação na minha língua que eu tive dificuldade até rpa falar de forma correta por conta dessas coisinhas chatas na miha língua.
Combinado à afonia da minha garganta, posso dizer que estou numa sinuca de bico pra alguém que se enxerga como um político, de certa forma...



Sabe...
Me veio na cabeça um livro de Tolstói, ou Dostoiéviski, chamado A morte de Ivan Ilich, que eu li em uma bela manhã de sol, um belo domingo de dezembro de 2004 na casa de uma antiga "amizade colorida" que se tornou um borrão em preto e branco.
Não vou falar sobre essa "amizade colorida" - principalmente porque eu já falei muito sobre ela aqui mesmo, neste blog, fora outras mídias, e também porque vou dedicar um post específico pra ela num futuro bem próximo - mas sim sobre o livro deste pobre camarada.
Lembrar daquele livro sinistro e sombrio, onde um camarada esbarra de mau jeito num treco qualquer e o machucado decorrente disso acaba sendo responsável por sua morte, acabou me deixando um pouco cabreiro com isso. Me faz refletir que, por mais que tenhamos dinheiro e poder, por mais que acabemos tendo sorte no amor, emprego, e que vivamos numa cidade livre dessa violência do dia-a-dia que aflige os grandes centros, não posso deixar de dizer que o fato de eu poder ser dizimado por uma doença escrota qualquer me aterroriza.
Você acorda um belo dia de sol, segunda de manhã antes de ir trampar, e descobre que a dor de cabeça que você achava que era ressaca do sábado à noite ainda está firme e forte nesse começo de semana. Vai ao médico, ele te diagnostica um cancer inoperável e em três meses, depois de aproveitar um pouco a grana do seu seguro de vida, você acaba falecendo em decorrência de uma doença cruel e insensível.

No meu caso, eu nem penso muito nisso.
Penso mais é no desgaste emocional da minha família, sabe? E se eu morresse, como ficaria o meu pai, minha mãe, que sei lá, puseram tanta confiança em mim?
Isso é uma coisa que tem o potencial de destruir uma família, se essa não for forte o suficiente pra suportar o baque - e, bom, por mais que eu saiba que algo comigo não seria capaz de desestabilizar estruturalmente a minha família, sei que isso seria um tremendo baque emocional - que, esse sim, seria capaz de destroçar o núcleo familiar, se não for bem trabalhado.

Isso sem falar nos amigos...
Numa hora como essa, você vê aqueles que realmente se preocupam com isso. Acho que não seriam tão poucos assim, mas com certeza não seriam 100% dos conhecidos que você tem.
Isso geraria um certo mal estar - certos amigos seus, qeu você confiou na sua vida, te dariam as costas sem pestanejar, ou pelo menos teriam uma postura muito pouco condizente com o quanto você o quer bem. Por outro lado, algumas pessoas que você achava que nem mesmo estavam cagando e andando pra você acabariam se mostrando preocupadas com o seu bem-estar de forma surpreendente.


Nossa, eu estou falando como se eu fosse morrer...
Para os desavisados, não estou com este tipo de planos pro meu futuro, apesar dos meus males recentes. Apenas me lembrei do livro do Tolstói - agora eu sei que ele que escreveu - e resolvi colocar minha mente inteligente e meus dotes literários limitados pra discorrer sobre isso.



Bom, se animar os leitores que talvez este textículo picareta tenha em algum futuro, saibam que pelo menos o meu fígado não doí mais...